11/02/2012

Da incultura no meio editorial


Todos os anos se fala da crise na área da edição. Os editores do Eça e do Camilo trocavam com os autores cartas em que mencionavam essa crise.

Vivemos uma crise cultural de grande dimensão desde que foi possível perceber o que é uma crise cultural. Nunca conseguiremos sair dessa crise enquanto não se conseguirem combater eficazmente dois flagelos inteiramente ligados entre si: o afastamento das pessoas relativamente à cultura, seja ela sob que forma for, e o desligamento da memória.

Na área editorial em Portugal a mesquinhez é rainha. Ao longo de séculos a incapacidade de um associativismo activo e eficaz é notória. Preferimos “lixar” o parceiro a ter sucesso em conjunto. Nunca se apresentou uma iniciativa de longo curso no sentido de angariar novos leitores. Preferimos continuar a lamentar-nos cada um para o seu lado.

A nossa memória é negativa: lembramos sempre a desfeita que o outro editor nos fez. O positivo é sempre subvalorizado. E essa memória negativa é a única que existe. Estamos num país onde não se preserva a memória de nada, em que a memória, a experiência e a sabedoria são temidas e desprezadas.

Na área editorial essa verdade é facilmente verificável. Com raras e gratas excepções, não se faz quase nada para preservar a memória da edição enquanto facto cultural.

Não quero aqui puxar a brasa à sardinha dos editores mas na maior parte dos países civilizados procura-se resgatar o passado das empresas editoriais. Há países onde há centros que se dedicam especificamente a essa tarefa, outros em que as universidades adquirem ou vêm serem-lhes doados os arquivos das editoras históricas…

Se alguém quiser investigar a história ou importância cultural de uma casa editorial portuguesa corre o sério risco de nada encontrar de relevante. Digamos que eu queria estudar a importância da Typographia Rollandiana, provavelmente a primeira editora portuguesa a publicar literatura de massas (policial/fantástico-neo-gótico) entre finais do primeiro quartel do século XIX e os começos do último quartel. Se eu quisesse saber quem foi o editor responsável por essa política que revolucionou a edição em Portugal e vulgarizou a leitura junto de segmentos de público que habitualmente não lia, como poderei fazê-lo se nada sobre senão os livros que nada informam sobre esta questão? Nada há, nada sobra.

E se eu aponto este exemplo posso dar outros de editoras marcantes durante o século XX português. Em boa verdade haverá não mais do que 4 pessoas a trabalhar seriamente a História da Edição em Portugal mas as fontes e os documentos escasseiam ou pura e simplesmente não existem.

Mas se esta memória histórica está essencialmente perdida. Se todos os anos morrem pessoas com um manancial de informação que nunca mais se poderá recuperar, pessoas ligadas às grandes casas de edição do século transacto, a perda de memória atinge níveis muito mais preocupantes ainda a um nível mais primário.

Da mesma forma como os adolescentes parecem cada vez mais gerontofóbicos e as frases como “morte aos velhos” e as atitudes de desrespeito se multiplicam (o Bioy Casares, no seu «Diário da Guerra aos Porcos» antecipava essa realidade que só tende a aumentar com um país envelhecido em que terão de ser os poucos mais novos a cuidar dos muitos mais velhos), da mesma forma como os netos já não ouvem as histórias dos avós e os tratam por tu. Da mesma forma como qualquer transmissão de uma experiência que alguém tente junto das novas gerações é entendida como mais um ensinamento (com toda a carga negativa de gerações educadas com os país e vizinhos a dizerem “Vais para a escola. não é? Coitadinho, mas lá tem de ser”). Da mesma forma hoje em dia as empresas de edição trabalham cada vez mais repetindo sucessivas vezes os erros do passado.

Não se aprende em Portugal, não se evolui pelo acumular de experiências, repetem-se constantemente os erros mais básicos, não se respeita quem sabe, quem tem história, não se funciona hierarquicamente salvo quando estas hierarquias são tirânicas.

E porque é que tudo isto é importante? Porque esta crise vai levar a uma reestruturação do mercado, ao seu redimensionamento e à sua reinvenção. E essa nova edição só será bem sucedida se conhecer o passado. Caso contrário repetirá ciclicamente e de forma auto-destrutiva, os erros do passado.

É necessária a partilha de informação e experiências entre os editores. É necessário ouvir e investigar o passado porque os edifícios sem alicerces desabam em muito pouco tempo.

Eu estou nesta área há 13 anos e neste tempo vi repetirem-se situações com as mais diversas editoras e com a própria estrutura do mercado que não fazem sentido. Da DIG à Sodilivros vão pouco mais de 11 anos mas há coisas piores, erros cometidos por uns que são repetidos por outros com meses de intervalo.

Assim a indústria da Edição não vai conseguir reinventar-se. Vai manter-se em crise e vai continuar a ser a principal responsável - ao lado de toda uma cultura de imediatismo que leva a que a questão do momento tenha uma duração de impacto idêntica ao tempo de permanência visual de um artigo numa página do Facebook – pelo afastamento dos leitores. Sim, colpa nostra.

É necessário, agora mais do que nunca, que o associativismo trabalhe e proteja a memória do sector (seja independentemente, seja por via de parcerias com terceiros). É necessário formar os profissionais do sector, transmitir e compartilhar experiências. Meditar de forma prática uma reinvenção exequível do sector e trabalhar contra a sua extinção.

O nosso sector não tem nada de novo em termos de fundo há anos. Mesmo a edição digital é uma variante apenas ligeiramente diferente da edição física. Com ligeiras actualizações, o trabalho editorial que se fazia nos séculos passados é essencialmente o mesmo que fazemos hoje. Mudou-se o ritmo, como em quase tudo, mas no essencial estamos perante processos muito próximos. A perspectiva histórica aliada à análise de resultados das políticas e acções, estratégias e opções tomadas no passado, é ela que nos abrirá caminho para o futuro.

Temos de ser rigorosos e isentos nessa análise por forma a não repercutirmos o erro. Se não sabemos, devemos calar-nos ou investigar. Está na hora da edição em Portugal ser uma coisa séria, respeitável e respeitosa em relação ao resto e a si mesma. Mesmo integrados em grupos editoriais com propósitos meramente financeiros, os editores têm de resgatar o seu papel de influência social sobre os leitores e sobre a sua profissão. Deveríamos tê-lo feito em épocas em que teria sido mais fácil mas não podemos atrasar muito mais a construção do futuro da edição no nosso país.

Hugo Xavier
(que não usa o Acordo Ortográfico meramente porque sabe que um brasileiro sabe perceber o que há de comum entre "colectivo" e "coletivo" mas já não consegue perceber o que são "peúgas" e quanto a isso o AO de nada vale)

16 comentários:

  1. Sim, Portugal trata muito mal a sua memória, em todos os aspetos.

    Mas permita-me dizer que as atitudes de desrespeito que se multiplicam dos jovens em relação aos velhos são, muitas vezes, da responsabilidade dos mais velhos, que realmente não encontram outro meio de transmitir experiências a não ser à base do "ensinamento" e com aquela ideia de que a vida é tão difícil, cheia de coisas de que não gostamos, como ir à escola, "coitadinho, mas lá tem de ser".

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  2. No fundo vamos tendo alguns testemunhos pessoais, nomeadamente nos «aniversários» ou em memória das/os editoras/es. Recordo-me do livros dos 50 anos da Verbo, do livro em memória de A. Pinheiro Manso, da Estampa, ou do À Janela dos Livros, do nosso colega de blogue, Rui Beja, a título de exemplo.

    Julgo que, do ponto de vista dos editores, não se faz «essa» história porque 1) não há muitos quem trabalhe esse tema que possa desenvolver a obra, 2) perdemos a tradição das obras de desenvolvimento (excepção feita à Guilhermina Gomes, no Círculo de Leitores) e 3) teme-se a exiguidade do mercado.

    Quem perde somos todos nós.
    Quando ao Estado ou à universidade, o facto de termos demorado tanto tempo com a questão do trabalho estatístico e ainda estarmos na situação em que estamos, é significativo do trabalho do Estado, em relação às universidades, o desenvolvimento dos Estudos Editoriais está numa fase bastante embrionária por cá, talvez a partir de agora as coisas melhorem, como temos vistos nos últimos 2 a 3 anos.

    E sim, a Cristina torrão tem razão, a forma como muitas vezes as gerações anteriores encaram o conhecimento e a forma de o transmitir complica um pouco as coisas face ao paradigma atual de transmissão de conhecimento. Não digo que seja pior (não acho que seja), mas os jovens de hoje julgam o conhecimento como algo «participativo», onde eles também dão inputs. E a referencialidade das fontes também se perdeu: os miúdos preferem escrever e citar a wikipédia, do que ir a uma enciclopédia online, mesmo as gratuitas.

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  3. Os editores queixam-se de que os livros não vendem, porém, todos os meses inundam as livrarias de obras de muito duvidosa qualidade, nomeadamente traduções de autores estrangeiros de literatura light sem qualquer relevância, de reedições repetidas por várias editoras de obras antigas que já existem no mercado, de livros das "mil maneiras" de atingir a felicidade e o sucesso ou das confissões banais dos "famosos" das TVs e jet-set. Assim, as obras literárias contemporâneas de qualidade mal se vêem nas livrarias, submersas por toneladas destas "novidades", irremediavelmente perdidas. Às vezes, pergunto-me se vale a pena passar 3 anos de trabalho intensíssimo a escrever um livro para, depois, o ver competir em pé de igualdade com este "mercado" de fast-food da escrita.

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  4. "Com raras e gratas excepções, não se faz quase nada para preservar a memória da edição enquanto facto cultural."

    A culpa desse "não fazer nada" é exclusiva dos editores, sobretudo dos que, de há uns anos a esta parte, se viram capitalizados e fundidos em "grupos editoriais". Num excerto que ficou de fora na edição do meu texto publicado na LER de Outubro, menciono o flagrante caso do BABEL SOBRE BABEL de 2010, objecto de vaidade inócua que reserva para umas poucas páginas finais da responsabilidade de Artur Anselmo o que devia ser a maior parte do seu conteúdo: a história e a memória das chancelas de grupo Babel (texto completo: http://pedromarquesdg.wordpress.com/2012/10/30/compondo-o-puzzle/). E, desde que a Leya se impôs em 2008, onde encontrar, por exemplo, uma história da Dom Quixote (a sua mais prestigiada chancela)?

    Se o dinheiro que financia os grupos parece não querer suportar a investigação e a edição sobre a memória editorial que sustenta esses grupos (um paradoxo letal, algo em que as elites executivas em Portugal parecem estar a tornar-se peritas), toca a quem está fora da "corporação" fazê-lo. Estou neste momento a preparar uma monografia sobre o Fernando Ribeiro de Mello e a Afrodite, FERNANDO RIBEIRO DE MELLO: EDITOR CONTRA, e não vou sequer perder tempo a propô-la a um editor: vou editá-la, produzi-la e pagá-la com os meus (infelizmente modestos) meios através da minha marca Montag. Um poço de memórias e ensinamentos sobre a edição nos últimos 50 anos como é o Vítor Silva Tavares não foi ainda sequer objecto de uma monografia (que está, segundo sei, e felizmente, a ser também preparada fora da "corporação"). Um editor como o José da Cruz Santos está no Porto ainda sem atrair o interesse de um único investigador do seu trabalho na Ulisseia ou na criação da Inova e da Oiro do Dia (isto apesar de uma excelente entrevista no Público há uns meses).

    Outros exemplos de lacunas na bibliografia historiográfica da edição nacional são facilmente listáveis, e são uma prova do desleixo das editoras (e agora dos "grupos" por elas) em investirem na preservação da sua memória. Quando não havia dinheiro, podiam desculpar-se com essa falta; agora desculpam-se, aparentemente, com o "mercado". E quando se deixa a memória colectiva ao cuidado do "mercado", todos sabemos os resultados que há a esperar.

    Pedro Piedade Marques
    Montag: http://pedromarquesdg.wordpress.com

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    1. Muito bem, Pedro. Estou convosco e espero que o saibam, e ao dispor para as inicitivas e trabalhos que possam reverter este infeliz e dramático estado das coisas. Abraços! Vasco Rosa

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  5. Concordo com o Pedro Marques, existe uma responsabilidade por parte de que quem adquire marcas que é a da valorização histórica das mesmas. Elas não são só autores e copyrights, felizmente.

    No meu último comentário estava subjacente a obra do Nuno Medeiros, obviamente e agora gostaria de acrescentar o livro Contraponto, obra dupla sobre o trabalho de Luiz Pacheco ou o livro da Moraes (A Aventura da Moraes) com testemunhos vários.

    Pedro, mal esse livro esteja disponível avisa, que terei todo o gosto em lê-lo.

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  6. Escusado será dizer que o compro, insisto.

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  7. Correcção: o José da Cruz Santos esteve na Portugália e não na Ulisseia

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  8. Comentário de Rui Beja:

    Concordo em absoluto com o texto de Hugo Xavier e com o comentário de Cristina Torrão. É verdade que ao escrever o À Janela dos Livros: Memória de 30 anos de Círculo de Leitores» não me foi difícil fazer a viagem pela cronologia dos factores que levaram ao sucesso das três primeiras décadas do clube do livro no nosso país e à notoriedade que o mesmo alcançou como instituição cultural de referência para a época; isto porque as vivi por dentro e porque guardei, na memória e em arquivo, os aspectos gerais e os pormenores verdadeiramente relevantes.
    Já para a escrita de A Edição em Portugal (1970-2010): Percursos e Perspectivas, livro editado em Maio deste ano e que reproduz serôdia dissertação de mestrado pela Universidade de Aveiro, me foi bastante mais difícil a recolha de elementos quantitativa e qualitativamente significativos; apesar de tudo, espero que o trabalho cumpra a pretensão que refiro na «Nota do Autor»: “…A publicação pela APEL multiplica a divulgação junto dos profissionais e de todos os interessados no livro – propiciando o debate de ideias, o contraditório de conceitos, a correcção de inexactidões. A complementaridade de informação e, assim o espero, o despontar de vontades no sentido de passar a escrito tanta e tão importante informação que vive exclusivamente no espírito e na memória de quantos vivem no mundo do livro e da leitura”

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  9. Começo pelo fim: Pedro, grande ideia. Eu infelizmente não tenho talento para a escrita, de todo, mas comprarei e lerei a monografia sobre o melhor editor português do século XX.

    Quanto ao José Cruz Santos basta saber um pouco da sua história para perceber porque é que ninguém ainda pegou nele. Para além do que a conversa com editores tem de ser cuidadosa correndo o risco de se assemelhar à conversa com pescadores no descritivo da presa. Nunca seria possível ouvirmos a verdade sobre a saída de Cruz Santos da Portugália. Mas sim, ainda noutro dia escrevi ao Nuno Seabra Lopes dizendo que seria importante pelo menos uma série de entrevistas com estes nomes grandes. Um deles a não esquecer, o Luís Amaro. (Nuno Medeiros, queres arriscar?)

    No que toca à culpa é nossa, dos editores. É verdade, deve-se a anos de miserabilismo e autocomiseração sobre a famosa crise. Mas essa memória não se deve ficar pelo lado humano, devem recuperar-se sempre que possível os arquivos históricos das editoras. E aí, sabemos todos aqui muito bem porque é que haverá sempre alguma resistência a que isso aconteça. Os pecadilhos que se saberiam de um sector que nunca funcionou de forma limpa...

    Nótula apenas para recordar os livros do Fernando Guedes e a belíssima monografia sobre a Parceria António Maria Pereira editada há uns anos valentes pela Pandora.

    Deanna, bem-vinda. Permita-me que lhe responda numa entrada que colocarei dentro de alguns dias neste blogue. Mas tem toda a razão.

    Por último uma resposta à Cristina que pouco tem que ver com a edição (salvaguarde-se o Guilherme Valente). Ponto um: o desrespeito é sempre responsabilidade de quem nele incorre.
    Ponto dois: um pouco de memória histórica: a cultura humana foi sempre transmitida dos mais velhos para os mais novos. Foi assim nas idades arcaicas da pedra, do bronze e noutras que tais, passou a ser feita pela música nas gestas e sagas cujos repositórios eram os mais velhos, foi de uma dessas sessões de retransmissão que Homero - quem quer que ele tenha sido - passou ao papel duas obras literárias de importância equivalente à Bíblia.
    Ponto três (que retoma o ponto um e mete ao barulho o Nuno Seabra Lopes): a troca de experiências de hoje em dia não é participada. Não reconheço que uma criança pequena diga ao seu avô ou avó "estás errado(a)" e "não percebes nada disto" seja participação. As crianças não respeitam e respeitar nada tem que ver com concordar ou discordar. nada tem que ver com o outro lado da comunicação. tem que ver com valores e educação. Eu ia muito novo para a casa que os meus avós tinham em Ribamar, perto da Ericeira. Terras de pescadores. Eu falava com pessoas que não tinham tido qualquer educação e me ensinavam sobre muita coisa, e por outro lado também sabia que me contavam muita coisa que era desinformação. Mitologia popular. Mas os meus pais ensinaram-me sempre a respeitar e pensar. A coisa que mais valorizo hoje é a capacidade de separar o trigo do joio.
    Portanto desculpem qualquer coisinha mas para saber ouvir, seja o mais importante dos ensinamentos ou a maior baboseira do mundo, é preciso respeitar os mais velhos porque viveram mais do que nós. Isso nada tem com o facto de eles estarem certos ou errados.
    A memória, por definição e defeito é feita de um conto e muitos pontos acrescentados e num mundo em que a informação pulula por todos os lados temos de ensinar os mais novos a parar, ouvir, inteligir e seleccionar. Curiosamente ou não esta moratória parece-se muito com a descrição da função do editor, trocando ou ouvir pelo ler...

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    1. Caro Hugo Xavier,
      Ponto um: não sei se o desrespeito é sempre da responsabilidade de quem nele incorre. Na situação que se vive, agora, em Portugal, por exemplo, farta-se de se faltar ao respeito ao primeiro-ministro. De quem é a responsabilidade?
      Ponto dois: sim, a cultura humana foi sempre transmitida dos mais velhos para os mais novos e, apesar de tudo o que se possa dizer, hoje em dia, continua a ser.
      Ponto três: não vejo qual é o problema de uma criança pequena dizer ao avô ou avó que não concorda com alguma coisa. Sim frases como "estás errado/a" e "não percebes nada disto" não demonstram boa educação. Mas há algo, hoje em dia, que me agrada: as crianças e os jovens sentem-se mais seguros para expressar a sua opinião. Antigamente, eram remetidos ao silêncio e o problema deste método é que, se há pessoas mais velhas que sabem lidar com os mais novos de maneira justa, há outras que não. E antigamente engolia-se muita injustiça. Talvez o Hugo Xavier tenha tido sorte, com pais e avós que o respeitavam, como pessoa, mesmo quando era mais pequeno e mesmo que o ensinassem a obedecer. Mas, infelizmente, havia (e haverá sempre) muitos pais e avós que não sabiam respeitar a personalidade e os direitos de uma criança e dos mais novos, em geral. Não os tratavam com dignidade. Tem de haver dignidade de parte a parte e é da obrigação dos mais velhos dar o exemplo.

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    2. Cara Cristina,
      Faltar ao respeito nunca resolveu problemas. também não me parece que vá resultar no caso que indica portanto e para mim continua a significar falta de educação. Por mais incompetente que seja, num primeiro ministro deve-se respeitar a posição. Quanto ao resto deve agir-se das formas que realmente resultem, sejam efectivas e democráticas (ou não).
      Quanto a engolir injustiças, acho que faz parte do nosso crescimento humano. As crianças que discutem tudo e que vêem todas as portas a serem-lhes abertas não estão preparadas para a vida. Se pensar o próprio conceito de criança é algo que data do final do século XIX. E só bem no século XX é que se começou a pensar nos direitos e personalidade da criança. Até aí não havia personalidade e a criança não tinha direitos. e no entanto a Humanidade tinha evoluído até onde tinha evoluído. E a quantidade de génios era percentualmente maior do que a que temos tido nos últimos anos.
      repare que eu concordo com a generalidade do que está a dizer mas sinceramente acho que uma coisa não justifica a outra. A maior infâmia não pode nunca justificar a falta de educação. São coisas diferentes, uma não implica a outra.
      E um dia teria todo o prazer em discutir a péssima influência que o nosso sistema de ensino tem em tudo isto mas deixo apenas uma nota: o sistema de ensino tirânico dos países da cortina de ferro. Era tendencioso, tirânico, nunca aberto à discussão. Contudo qualquer pessoa, independentemente da sua profissão futura, formada naqueles moldes tinha uma cultura geral estupidamente maior do que qualquer miúdo hoje em escolas com acesso à internet e ao mundo em directo. Sabe que os país das crianças ucranianas a viver em Portugal perguntam amiúde aos professores sobre as listas de leitura para as férias? Enfim mas sobre isto falaremos noutra ocasião.

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    3. Combinado. Algo me diz que não faltará aqui ocasião de discutirmos melhor estes assuntos.

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  10. E uma resposta para o Rui Beja para lhe transmitir que o seu livro e o facto de ter saído através da APEL pode ter sido a pedrada num charco que precisa de muitas mais pedradas.

    Nesse sentido também pedia-vos a todos que espreitassem a bibliografia da Edição que coligi no meu site (http://hugoxavie5.wix.com/hxavier) e me enviassem sugestões, acrescentos e correcções.

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    1. Hugo, depois lembra-me de te passar mais alguns títulos que tenho, para completares a tua já bastante completa bibliografia.

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  11. Parabéns pelo blogue e longa vida ao mesmo! Tomo a liberdade de vos deixar 3 links sobre blogues de leitura (poderão ser úteis):

    http://circodalama.blogs.sapo.pt/

    http://ocafedosloucos.blogspot.pt/

    http://casadeosso.blogspot.pt/

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